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16/03/2023

Para além da arte, Elza Cataldo

Para além da arte, Elza Cataldo

Março de 2023,

 

Geralmente, nós analisamos um filme pela sua capacidade de nos emocionar (ou não). Pelos seus eventuais atributos técnicos. E pela sua intangível qualidade artística. Embora a arte seja um parâmetro complexo, ela agrega, ao mesmo tempo, encantamento à uma obra audiovisual. Realizar um filme artístico talvez seja o grande objetivo de um realizador. Ou pelo menos de diretores, produtores e roteiristas que consideram a arte uma forma maior de expressão.

Entretanto, um filme pode ser analisado para além da arte: como um conjunto de ações e estratégias de planejamento que viabilizam a sua existência.

A começar pelo roteiro: peça fundamental que norteia todas as características de um filme, seja suas exigências de produção, a adequação das suas locações ou cenários e adereços, a sua luminosidade, seus personagens com seus respectivos figurinos, maquiagens e cabelos; enfim, o roteiro contém tudo o que é essencial para se contar uma determinada história.

Seguimos com o plano de filmagem: lista de todas as cenas contidas na dramaturgia, agrupadas de acordo com a racionalidade da produção e a agenda dos atores.  Um labirinto de decisões e um mosaico de soluções em prol do filme.

E, finalmente, chegamos à ordem do dia: o conjunto das cenas que serão realizadas dia a dia, contendo todas as informações fundamentais para a organização de cada departamento (elenco, direção de arte, figurino, maquiagem, cabelo, fotografia, som, maquinária, produção geral, produção executiva, produção de animais, produção de locação, transporte, alimentação, hospedagem, etc.).

A realização de um filme histórico acrescenta a todas essas etapas a necessidade da pesquisa. A historiografia é a base de inspiração, mesmo de um filme ficcional, que nos permite o mergulho em outro universo com seus costumes, suas linguagens, formas de habitação, paisagens e, principalmente, o seu espírito de época.

Faz parte do planejamento também a busca por uma concepção iconográfica de um tempo passado mesmo considerando a licença poética, às vezes bem-vinda.

A realização do filme As Órfãs da Rainha, que contou com o patrocínio da Energisa, exigiu ainda o desafio da construção de uma cidade cenográfica. A inexistência de locações do século XVI no Brasil, onde a preservação do patrimônio histórico é uma meta longe da realidade, e a especificidade do roteiro que impunha uma edificação apropriada de uma vila do século XVI, nos levou a criar uma metodologia de trabalho mesclada entre a construção civil e a cenografia. O que só foi possível através de um planejamento por etapas, resultante de uma profunda compreensão das necessidades artísticas e técnicas do filme, bem como da incorporação respeitosa da natureza em redor.

Em síntese, entender o cinema como manifestação artística não pode restringir a compreensão do que sua cadeia produtiva representa em termos de planejamento, atitudes de liderança, recursos humanos, responsabilidade e agilidade da tomada de decisões. Uma junção de magia, sim, e, talvez sobretudo, de gestão.

Sobre Elza:

Diretora, produtora e roteirista. Com curso em Cinematografia pela Universidade de Nanterre e Doutora pela Sorbonne, França, foi também professora e pesquisadora pela Universidade Federal de Minas Gerais. Entre seus trabalhos, estão o filme de longa-metragem “Vinho de Rosas” (Prêmio de Melhor Diretora Estreante no Festival Internacional de Batumi – Geórgia 2006 e Prêmios de Melhor Figurino, Melhor Cenografia e Melhor Som Direto no Festival de Maringá 2006); do filme de curta-metragem “O Crime da Atriz” (Prêmio de Melhor Curta Brasileiro do Júri e do Público e Prêmio TeleImage na Mostra Internacional de São Paulo 2007 e Menção Honrosa: Comédia no Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte 2008); do documentário “A Santa Visitação” e dos curtas “O Ouro Branco”, “Lunarium” e “A Má Notícia”. Coprodutora dos filmes de longa metragem “A Luneta do Tempo”, de Alceu Valença, e “Meu Pé de Laranja Lima”, de Marcos Bernstein. Foi coordenadora do Laboratório CINEPORT de Roteiros, consultora do ISVOR/FIAT sobre o tema Storytelling, palestrante e professora da Fundação Dom Cabral sobre estruturas narrativas, consultora do Programa Bahia Criativa (Minc/Secult) para desenvolvimento de roteiro, consultora da Casa da Economia Criativa/ SEBRAE para projetos audiovisuais e líder do Núcleo Criativo de roteiros da Brokolis do Brasil. Exibidora de cinema em Belo Horizonte. Dirigiu ainda o filme de longa metragem de documentário “O Levante de Bela Cruz” e longa metragem de ficção “As Órfãs da Rainha”, ambos em fase de lançamento, e ainda o longa metragem de ficção A Pedra do Sino, em fase de finalização.

Contatos: elza@personafilmes.com.br

Instagram: @elzacataldo

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